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TESOURO SOMENOS

 
 

Hoje em dia.
Apesar de vivermos
Numa era caudatária
E signatária da temporal divícia
(a mais nova contempladora inconteste)
Da homo sapiens espécie,

A centelha da vida
É de sobremaneira
Inerme, imbele, tíbia
Como a utopia sobre um orbe comunal,
Plasmado pela suprema arquitetura
Do altruísmo, deferência e da candura:

Castelo de areia
Que se esbarronda
Quando uma leve corrente de ar
O abalroa em suma!



Ah,
Toda esta ostentação
Da fugacidade
Faz-se
Quando os priores
Pertencentes á ordem
Da calota de gelo

Convocam os dragões metálicos
A cuspir fogo contra a urbanidade,
Contra o direito de desfraldar o pendão
De sermos oceano Atlântico
Ou deserto do Atacama;
E contra a flor do arco-íris,
Que --- no céu do Pindorama ---
Viceja, frutifica e se agiganta.

A verdade --- qual cega feito ofuscante luzerna ---
É que jazemos submersos
No volutabro cor de Nero:


Gestando lençóis freáticos
Opimos de hemofilia
Que transformam vampiros sociopatas
Em magnatas reverenciados
Por compatriotas de Abraham Lincoln:
(imarcescível embora deverasmente morto);
E pelos perpétuos camaradas de Stalin,
Reencarnado num fulvo e atarracado Corpo.

Ah,
Mátria ebúrnea,
Sofres com as sevícias
Opróbrios e opugnações
Que os filhos (imediatos ou mediatos) te impõem
Sem --- ao menos ---
Uma lágrima de indulgência, de compaixão:
A pedra bruta da cobiça pela exação
De auríferos patacões
É a fonte de energia
E a força motriz
Destes matricidas corações.


Oh,
Cosmo de portentos
Sem agrimensura,
Porque --- do alto
De sua etérea e fúlgida
Envergadura ---

Deixaste que a cepa parasitária
Mais hedionda, soez, poluta
E digna de repulsa

Eclodisse, grassasse,
Ascendesse ao púlpito
Da citológica tortura:
Sítio onde os leucócitos
Prosperam em turbamulta?

Afinal --- hoje em dia ---
A cada esquina por que passamos,
Deparamo-nos com o ermo
Inodoro --- ainda que morfético ---
Ou nós mesmos fazemos desertos:


O garimpo do sol
Torna-se um lavradio difícil. Por isso,
Alguns de nós rogamos (bem solícitos)
Para que a aureola da sorte nos ilumine o caminho.

Assim é o existir dos primatas ínclitos...

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA


ATENÇÃO: POEMAS SOB A ÉGIDE DA LEI DOS
DIREITOS AUTORAIS N°9.610/98

 
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jessébarbosa31
 
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Enviado por Tópico
gadanha
Publicado: 22/01/2013 17:33  Atualizado: 22/01/2013 17:33
Da casa!
Usuário desde: 13/12/2012
Localidade: nesta seara
Mensagens: 393
 Re: TESOURO SOMENOS
este deu-me luta! tive que me fazer acompanhar do dicionário e fiquei satisfeito. o único senão é que é um pouco cansativo. nitidamente não é um texto para todos e garantidamente é um trabalho diferente, bem conseguido e cheio de imagens (sem necessitar daqueles bonecos que são moda neste site).
repito que poderia ser um texto um pouco menos extenso devido ao seu caráter prolixo e requinte de erudição.

tá aí jessé. um bom texto.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/01/2013 12:52  Atualizado: 24/01/2013 12:52
 Re: TESOURO SOMENOS
Tinha saudade da sua linguagem única, grandiloquente! Poesia com a personalidade do dono: Jessé!

Bj,

Sandra

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/01/2013 12:59  Atualizado: 24/01/2013 12:59
 Re: TESOURO SOMENOS
Subscrevendo os comentários já feitos, acrescento que este belo texto lembra um épico camoniano , pela sua grandeza 'mensageira / reflexiva' e sofisticação da linguagem.

Gostei muito ! Meus parabéns e obrigada pela partilha

Um abraço