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Gê Muniz
CHILIQUES
Quantos uísques me acompanharam a cruzar essa noite de chiliques... Depois dum porre tudo é familiar: o despertar com o sino confuso do prejuízo batendo surdo nos pandeiros dos meus ouvidos. E o sol? Cospe azedo luzes malevas e doloridas, direto na minha cara amassada. Só então, a contragosto, levanto. A cueca é meu manto. Pois não é que ainda tenho a coragem sacana de me olhar no espelho? Pura curiosidade mórbida... Sou tão cara-de-pau que, sem apego ao que deveria ser a minha imagem, ao ver-me refletido, aquela horrorosa e descabelada avis rara, ainda dou risada e agradeço ao palhaço do outro lado do vidro pela ótima companhia e péssima noitada ou vice-versa...