Aquela porta escondia
o que lá fora se perdia,
receios de não ter mais nada.
Era chegada ou partida,
entre tanta vida perdida,
sem nela ter sua entrada.
Tinha chave bem diferente
que a chave de tanta gente,
para entrar em sua casa.
Só lá entrava quem podia
e nunca quem isso queria,
por aquela porta tão rasa.
Sua textura de madeira,
aberta da mesma maneira
que uma outra porta qualquer.
Lá dentro o conforto quente
num aconchego permanente
pelo abraço duma mulher.
Só ele tinha chave dela
e lhe abria a janela
tendo o sol no seu esplendor.
À noite olhava pr’a lua
e a ela na cama nua,
naquele doce ninho d’amor.
António MR Martins
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...