Coloco sobre a cama uma colcha vermelha, estendo-a na perfeição.
Deixo na jarra flores novas, fecho as janelas, e bato a porta atrás de mim... As chaves? Deito-as fora, deixo o nosso amor lá dentro, esquecido para sempre nesse quarto.
Por vezes cairei de novo em teus braços, e conseguirei sentir a tua respiração no meu ouvido, o roçar dos teus lábios nos meus, o perfeito encaixar dos nossos corpos, talvez até consiga ouvir o teu "Adoro-te" e não lembrar do tempo dos teus olhos ilusórios.
Mas isso, meu amor, serão apenas sonhos guardados na memória dos dias que se seguem....
Desço as escadas desse quarto perto do céu e chego a um chão mais firme, a um espaço livre e muito mais imenso, encho os pulmões de ar, respiro fundo...
Olha uma última vez para trás, deixo as lágrimas caírem e sigo em frente.
Deixei de sentir, esqueci-me de te amar a partir de hoje.
Não compreendo, nem tenciono compreender!!
Que todas as palavras que ficaram por dizer se tornem ontem.
Que por vezes, no canto dos pássaros, consigas ouvir o meu sorriso de antigamente.
Talvez nesses ramos que falas, continue a existir uma amizade...
Talvez ao longo dos anos, tu me ames como deveria ter sido hoje...
Talvez ao longo dos anos, eu te ame sem perguntas...
Talvez ao longo dos anos... Pois nenhum de nós precisará mais de fugir, evitar, conter, pedir ou questionar o que quer que seja.
Talvez ao longo dos anos, tu me ames como deveria ter sido hoje...
Talvez ao longo dos anos, tu ames o nosso êxtase, o meu rosto a sorrir-te, o meu " Amo-te" já distante, como um eco que te vicie os ouvidos.
Talvez ao longo dos anos, a nossa estória seja perfeita porque morreu.
Talvez ao longo dos anos, nenhum de nós tenha defeitos, são os efeitos da memória.
Mas as flores, essas morrerão sós, naquele quarto que será a nossa recordação.
Raquel :P
raquel :P