Olhar o lavrado do campo seco - Lizaldo Vieira
Não é que a peste feroz voltou
Bem pior que a prega
Das sete vacas magras do Egito
Todos os dias são iguais
Sol que racha o chão
O tempo inteiro
Coitado do é vintem
Ninguem lhe chora
Quando algo chega na tapera
Parece esmola
Sequer dá prar meiar a sacola
Não é vida de gente
Nem de bicho
Tudo é pó
Nem sempre plantando
Nem sempre colhendo
Pro eterno arigó
Eterno viver sofrendo
Nem sempre tudo dá
Nem sempre tudo colhe
Nem tudo escolhe
Nem tempo bom
Nem tempo ruim
Mais esperança não falta
Se não planta
Não come
O sertanejo arigó
É asim
Feito de sonho
É só olhar pro céu
E o tempo vai ser bom
Vai dar tudo certo
E tomara
Pra que tempo ruim por aqui
Qual o olhar dos infelizes para a gente
Que sofre
E planta no deserto
Deserto de água
Mais deserto de alma
Amor
Porto solidão
Revolta da lagrima
Muita sequidão
Solidariedade
Que futuro colhera
Entre malvadas atudes
E evas daninhas
A minarem o platado
O que criar
Nas terras aridas
E vã de poesias
Olha a colheita perto
As pedras de sal não mentiram
É tempo de retiro
De sofrer calado
Pegai o cajado
E veras o engernho pejado
Vida de gato com fraldas
Pra acompanhar o rebanho
Dos aflitos
De pé
O Zé mane
Caregando a cruz pesada
No país da capa
Só se vê
Olimpíadas de miséria
Lá vamos nóis
Orando aos ceus
Chingando
Espreguejando os perversos
Enquanto o sol
Teima em reinar
Todos os dias
Pra tornar a vida em miséria
Vingança da natureza
Ou mero acaso
De aproveitamento
Exploração de gente pura
E ainda escrava
Do sistema malvado
Não por acaso
Inte a acauã se mandou.
Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...