O ÊXTASE DA DOR IMPOSTA POR UM FANTASMA
Posso vê-lo, insidioso.
Não, não adianta se ocultar atrás do rotundo conjunto
De nuvens neutralizadoras. Não, tal manobra, a mim,
É assaz notória; e, no entanto, tão oclusa na alameda
Do esquecimento do pretérito mais-que-perfeito da alienada
Memória do leprosamente oprimido mundo.
Talvez seja por decorrência desta diplomacia de crocodilo que,
patrocinando o digladiamento de raivosos sobreviventes de
indeléveis tirânicos extermínios, quem sabe, consiga extrair do sangue derramado no solo das funestas batalhas os metais auríferos que lhe fazem o maior titã dum cosmo onde o ser indi-vidual se sobrepõe a tudo, até mesmo ao universal instinto coletivo, o qual nós, ainda que tênue e inconscientemente, venhamos cultivando há tempos.
E como gosta de saborear o sangue alheio ou o seu mesmo.
E como sente prazer em se afogar no mar de um sadomasoquismo Verdadeiro.
E como seu sorriso aflora vivaz quando, da emersão da tragédia,
O palato degusta o olor do tesouro a ele benfazejo.
E como seu sorriso aflora ledo quando, da emersão da tragédia,
Vislumbra um oceano sem fim de porções do vil metal Dardejante
E altaneiro]
E como gosta de pensar que, da exposição de vísceras, brota uma
Paisagem magnífica.
E como gosta de pensar que, da corrosão plena, rutila e viceja
A mais pura forma do que seja o êxtase da beleza...