Uma história
Gostava de lhes contar uma história, ela não é bombástica mas real. Encantadora para mim. Fico pensando que para outros será pouco interessante e maçadora, não sei! De verdade eu tenho um espírito alegre e bonacheirão de nascença, segundo me dizem, porque só me conheço desde os três anos de idade mais ou menos. A minha mãe sempre se espantava quando lhe recordava coisas passadas tantos anos atrás com tanta convicção. Chegava a perguntar-me se alguém me tinha falado sobre os vários assuntos ou factos de tão longínquas datas, mas não! Ainda hoie me lembro perfeitatamente de um passeio que fizemos em Sobral de Monte Agraço, onde estavamos a passar o Verão, tinha eu presisamente quatro anos. Fomos fazer um pic-nic. Eu e a minha irmã iamos metidas nas cangalhas de um burro. Eram forradas com umas mantas de riscas, bem ásperas,por sinal! Se calhar não havia melhor nessa época. Os outros convivas tinham com certeza, um burro personalizado, porque só o nosso devia ser um asno a valer. Num valado escorregou e lá fomos nós de (cangalhas). Apanhamos um grande susto. Começamos a rebolar como bolinhas de ping-pong. O estado era lastimoso, parecíamos uns porquinhos saídos da pocilga! Como era de esperar apeou-se toda a gente num grande alarido, mas nada aconteceu. Estávamos sentadas num piso fofinho e a rirmos uma para a outra todas enlameadas e irreconhecíveis. Assim ficamos. Pois outra roupa não havia. Mas numa bica, que havia por ali perto, limparam -nos o melhor possível. E cheias de míminhos continuamos naquela bela liteira, depois de dar-mos uma cenoura ao nosso condutor Embora me lembre que com um certo receio. Continuámos até aonde os Grandes nos levaram para almoçar, descançar, e brincar. Mais tarde regressámos contentes, sem beliscaduras e a minha irmã não chorou, o que foi um grande espanto para mim, porque apesar de ser mais velha dois anos do que eu, chorava por tudo e por nada.
Quando chegámos enfiaram-mos numa celha, ensaboaram nos com perfeição. Lavadas, enxutas, perfumadas e penteadas, já eramos umas meninas larocas outra vez. Podem crer foi a primeira grande aventura da minha vida! Nunca me esquecerei!
Helena