Textos : 

A festa dos doces ainda não terminou (II)

 
- Se não chegarmos a tempo, será a eleita para nos receber nesse seu mundo, onde coloca em todas as sensações reais e irreais, a autenticidade que satisfaz os prazeres ocultos de todas as palavras mansas e coloridas. Chegaremos depois é certo, mas ficaremos sentadas ao seu lado, e permaneceremos de mãos dadas até que chegue a noite e com ela, todos os brilhos noturnos que nos levem ao último encontro de todas as palavras. A festa dos doces ainda não terminou, e nós aqui, a tentar que os nossos lábios não sequem, ainda a lambuzarmo-nos de todas as melodias natalícias.

- Eu bebo da água cristalina. Sinto que a cada gota perdida, se perdem sílabas que gritam por ecos profundos, no fundo de um rio.

- Por agora só preciso de um pouco de tempo para lhe dizer que basta de palavras e de beijos e de doces e de corações ao alto. Só vim aqui para lhe dizer que é nossa; terra e céu, flores e cheiros, maresias e ventos e brisas. Terra húmida nos braços, mar largo nos olhos, céu aberto no peito, rio sorrindo nos lábios…..serranias e fontes a nascer no corpo….raízes fortes nos pés….as árvores sempre em pé, e as suas folhas caídas no seu regaço….É nossa!

- Por agora só precisa saber que faz parte dum mundo onde nos irá encontrar, tal como encontraste os meus olhos da tua varanda escura. São da cor das tulipas brancas. Esqueceste?

- Não esqueci, até porque já mo tinham dito quando me preparava para fazer uma viagem astral, e me conduziam por todos os pontos onde os nossos olhos descansam.

- Então é isso. Chegaste finalmente ao ponto central da questão. Aquela que te coloquei em tempos – Sabes quantos olhos tens na noite?

- Por agora fico-me por aqui, porque o frio é em demasia quantificado pelas partículas que enchem as minhas mãos ainda em concha. O fogo da lareira é um hino á minha identidade. As labaredas crescem e as cores multiplicam-se por todas as pedras negras.

- A ÔNIX, a pedra onde todos os feixes de luz descansam, enquanto o dia não chega e com ele e clara luz dos dias sempre a acontecer, sempre a enaltecer um caminho feito de palavras novas.

- Fui e sempre serei a pedra dura e negra acoplada à imagem alegórica dum mundo que criei. Um mundo que não tenha portas nem janelas para se poder entrar ou sair, mas sim ficar. Será esse mundo a nossa única saída, para podermos transformar todas as imagens até que todos os brilhos noturnos nos seduzam em busca da clara luz. Estará ela sempre atenta às nossas movimentações, às nossas melodias em tons vários, mas direcionados para um mesmo lugar, aquele que nos faz estar, eu aqui e tu aí, e ela ali, sempre atentas e sabedoras da imagem refletida na pedra cristalizada nas palmas das nossas mãos. São…são os traços e as linhas, São…são eles os reflexos da lua e os raios do sol no centro da nossa vontade. A nossa esperança renovada em doar-nos ao mundo que criamos, o teu e o meu e o dela, unidos pela mesma crença, de sermos um rio onde as palavras deslizam na corrente, e com ela, a nossa livre vontade de chegarmos à foz.


Epifania & Ainafipe / ÔNIX



Muitos parabéns a Poeta e amiga, São Gonçalves (01/01/13)
Felicidades para 2013 para todos


Resulto de um modo de dizer as coisas, simples e belas, e tu és o meu guia, o meu assunto do dia, para me dizeres também, de quando tudo era branco nos meus olhos…
Epifania & Ainafipe

 
Autor
Epifania
Autor
 
Texto
Data
Leituras
997
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.