Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
No tio Nene,
Num taco qualquer,
Não taco nada.
Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
Nos jardins,
Velho e novo,
Não somos nós.
Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
Na Camilo de Moura, sem número,
Na rua do morro,
Não morro de amores.
Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
Numa pescaria, salve o César,
Num leito do Rio Matipo, Santana,
Nem tantos Santos, nem tantos rios.
Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
Quando andei na rua, não sabia,
E me dividi nas esquinas da Bom Jesus,
Voltei ao meio pra Sant’Ana, meu caminho .
Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
Numa procissão pela cidade, e sem idade, não fui
Me ajoelhei na Igreja, diante Dele, e rezei, e pedi, não sabia
E nem sei se aprendi, e aprendi pedir
Me esqueci, sem idade
Em um pedaço de mim,
Num Furacão lindo e sem cores de amores,
Num banco da praça, de marca tarza e tantos baz’ares
Num cavaquinho afinado, na cor e na voz do Ninico.
Me esqueci, em você, minha cidade!!
José Veríssimo