Filhos são guizos, são setas, são fronhas,
que entrilham nossas curvas, que engatam nossos ossos
nos deles.
Filhos são sopros pra dentro da alma,
são fardos que não pesam, nem ressecam, nem esgarçam.
Filhos nos enlouquecem, nos desnudam, nos banham
de amor.
Filhos ensurdecem nosso sangue,
fazem Deus entender o que é Deus.
Filhos fazem graça dos nossos medos,
abandonam nossa solidão sem culpa, nem pena.
Filhos cavocam o que teimamos em esconder,
fazem sombra pra nossa sombra mais funda.
Filhos vieram dos confins pra nos fazer atracar em nós mesmos,
como toda alegria que puder existir
num primeiro sopro de vida qualquer.