Dia de desassossego, a confusão estava formada, a fúria estava solta.
Em meio aos gritos e expressões de pânico, surgiu um equilibrado que tomou a iniciativa de ligar para o Corpo de Bombeiros: – Alô...! Precisamos de ajuda urgente: há um enlouquecido com sede de sangue, à solta... A população está em pavorosa! Venham com urgência, antes que aconteça uma fatalidade!
–OK, senhor! A sua solicitação está registrada, aguarde o socorro.
Não demorou, e o socorro se fez presente.
A rua estava deserta,e alguns curiosos, desejosos de ver o desfecho do acontecimento esqueciam o medo,colocando as suas cabeças para fora das janelas, protegidas de qualquer ataque do sanguinário enlouquecido.
O sargento deu de cara, com um enorme cão acometido de raiva. A fera subia pelas paredes, nem mosquito escapava.
Quando o equilibrado morador local solicitou o socorro da corporação de bombeiros, não especificou à natureza da fúria, jamais pensaram que fosse canina.
Agora, estavam àqueles homens, frente ao cão enlouquecido, sem muito que fazer.
O sargento falou apressadamente: – Cabo Osório!
– Pois não, senhor!
–Permaneça a postos! Iremos buscar o equipamento necessário.
– OK! Sargento.
Quando a viatura saiu, ficou o cabo Osório frente com o raivoso, que parecia uma fábrica de espumante. O cabo tremia... Olhou em volta e, observou um pomar do lado oposto da rua. O cão partiu para cima do cabo e, ele partiu em disparada rumo às árvores do pomar; longe dos curiosos, grunhidos e gritos; som de luta e correria, enfim, ouviu-se o estampido de tiros, em seguida, silêncio total.
Não demorou... Chegou a viatura, preparada, para a captura do raivoso que infelizmente já se encontrava em óbito, com o corpo em chamas – queima de arquivo.
– E agora, cabo? O que diremos ao comando? Não quero problemas, faça o relatório!
– Calma! Farei sargento...!
“(...) Na manhã do 1° dia de janeiro do ano de 2013, após uma solicitação para que a corporação, efetuasse a captura de um elemento sanguinário, que se encontrava acometido de um acesso raivoso, o mesmo resistiu à ordem de prisão, correndo em fúria contra a minha pessoa - Cabo Osório da Silva Linhares, tendo mordido um cano em fogo, em seguida vindo a óbito, totalmente carbonizado, etc.”
EstherRogessi, Crônica: Um dia em pavorosa, Recife,01/01/13.
Recife, às 10:04 Mn