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Não te atormenta a vida?
Este estar aqui
sem propósitos,
cem precipícios.
Mais de cem.
Desde o princípio
a lembrança vem
apenas do ponto
no qual percebeu
o incômodo.
O cômodo no canto
do quarto,
a quina do dedo.
Ora, dedos, para que tê-los?
Viver para ter dedos,
viver é ter dedos,
encher a mão,
plantar mudras no chão.
Não me rele, não me toque!
Mãos que uso
em tato
para desbravar o mundo,
Mãos que aperto, secas
quando chego ao mundo desbravado,
quando levo minhas mãos
lá
no mistério,
quando sinto medo.
Mãos que junto em prece
ou levanto aos céus
enquanto clamo
pela injusta causa
de haver dedos,
mãos,
mim.
Pela calça justa
que é viver sob a mira
dos dedos alheios.
Por tudo, enfim.
Sobretudo, o fim.
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