Poemas : 

Pelo que somos

 
Com a alma desossada
a perpetuar faúlhas de emoção,
sonos soltos na noite
e a voz inescrutável da vida
com as palavras escondidas nos detalhes
voláteis fervilhando dor
como exorcistas que saram mas não curam
no cárcere de uma parábola,
pigarrearam nas mãos torpes
vendavais de lividez
chispadas de profundas ausências
onde os gestos morriam simples
nas mãos do sonhador…

Com os olhos tolhidos pela aurora
e os gritos guturais
no rosto ressurgindo do nada
acordo as severidades meigas
pela janela da minha vida
onde contemplo o riso do tempo
com ganas de bonomia
enquanto o embaraço dos dias
se esvai, a escapulir-se na faina
das minhas imparidades,
pela promiscuidade obscena
em que forjo a fúria da voz
a aclamar o espírito do corpo
nessa paz firme em mim
que o coração torna gentios sentimentos

Pelas vestes que trajam
há amigos mais chegados que irmãos
pela verdade que plantam,
alados bramidos que nos ungem
os sentidos despertos
em que somos gente que sente
o esboço dos nossos dias
 
Autor
José António Antunes
 
Texto
Data
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1858
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/09/2014 01:19  Atualizado: 30/09/2014 01:19
 Re: Pelo que somos
«Pelas vestes que trajam
há amigos mais chegados que irmãos
pela verdade que plantam,»
muito bonito mesmo,o mundo precisa ser povoado com mais pensamentos assim,para q aconteça o crescimento da paz e união das raças,vc escreve com uma notável sabedoria,curti muito sua poesia

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/01/2015 00:39  Atualizado: 02/01/2015 00:39
 Re: Pelo que somos
Gostei