"Amor" como me chamavas, quer a sorrir, quer chateado.
Acordei encaixada em ti com uma t-shirt tua vestida, os teus braços à minha volta e as tuas mãos presas com a força do meu corpo no colchão, "para não haver hipótese de te soltares de mim durante a noite" como sempre dizias e eu me ria.
Virei-me e olhando para ti a dormir, nem dei pelo tempo passar. Beijava-te toda a cara e, inconscientemente, agarravas-me puxando-me de encontro ao teu peito. Corpo quente e barba por fazer.
Beijei-te os lábios de olhos fechados e disse amar-te.
Lembrava-me constantemente dessa manhã.
O autocarro parou e senti o sangue todo à superfície da minha pele. Deixei de ouvir qualquer barulho à minha volta, deixei de respirar, ouvindo apenas o batimento do meu coração. Durante dois segundos, e como nos filmes pareceram dez, vi-te de mãos dadas a uma mulher, e sorrias.
Estavas feliz, e pude deixar de me sentir culpada por te ter deixado naquela manhã há oito anos atrás.
O meu filho tem o teu nome, e os teus olhos. Diz que quando for grande quer ser "engenheiro dos carros" e tomar conta de mim.
Refila quando como o gelado todo que havia e sabe os meus filmes preferidos.
É igual a ti e sinto-me feliz que o seja.
Não fui mulher para ti, mas consigo ser a melhor mãe para ele.
Dalila
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