Ainda há flores nos
jardins e campos
também há mãos ansiosas
em arrancá-las.
Ainda há perfumes no ar
e vários designers de pétalas
com tecidos sedosos
e matizes diversos.
Ainda há sementes
sobrevivendo no chão
que não foi pisado
pelas coletas.
Ainda há flores sobreviventes
das conquistas e seduções...
Ainda há flores livres
de laços de buquês
e de caixas com fitas.
Ainda...
Ainda algumas sorriem
balançado ao vento
pulverizando polens nos campos
Ainda ontem havia flores
Em vasos de mesas,
Hoje estão murchas
em sacos de lixo...
O presente morreu
mesmo dado com amor.
Sobreviveu o alto ego, a vaidade
da lembrança, do gesto de carinho
com algo tão mimoso
singelo e perfumado...
Não há mais flores nos braços
e nem amores
Restou más intenções
de sentimentos vis,
que anelam traições.
Ainda há flores colorindo,
independente do efeito
se apreciadas ou colhidas
de qualquer jeito
Mesmo que (sejam) cortadas,
podadas, embaladas,
amadas e queridas
estão sempre se abrindo
para alegrarem, enfeitarem
ou enganarem outras vidas.
Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.