AVENTUREIRA
Autor: Carlos Henrique Rangel
A água da sarjeta
Escorre leve
Como um rio.
E como um rio,
Pequenos barcos
Em folhas deslizam
Pelos seus caminhos.
Para onde corre
A água urbana?
Que caminhos são
Os deste pequeno rio?
A nascente eu sei,
Uma matrona
Esbanjando limpeza
Em sua calçada.
Mas a foz...
Mistério a ronda.
Quando criança
Acompanhava
Esses pequenos barcos
De folhas...
Nunca era o mar
O destino final.
O bueiro tragava
O aventureiro
E a criança lamentava
A triste sina...
Hoje o tempo
Não é o mesmo.
Não acompanho a folha.
Só lhe dou adeus
Desejando melhor sorte,
Melhor sina.
Sei que é o mar
O fim de todas as águas...
O grande espelho azul
Quase infinito...
Mas a criança,
Como o adulto
Sempre desejam
Melhor sorte
Às folhas aventureiras.