É durante a madrugada que você chega sorrateira
Vem de fininho, por debaixo das cobertas.
Aperta-me, me desperta e me deixa inquieto.
É durante a madrugada, no silêncio que você sussurra.
Descobre o que tento encobrir com sua lassidão
Sua precisão é cirúrgica, acerta o alvo.
Faz-me acordar com olhos arregalados.
É você legião: mágoas, tristeza, saudade, raiva.
Inquietação, angústia, falsidade, realidade, dor.
Lembranças, desconfiança, consciência...
Todo de uma vez que me fazem arcar, com seu peso
E gemer baixinho, com os pensamentos que despertam.
Fazem querer que o mundo desaparecesse.
Que eu sucumba com a dor no peito
Com as lágrimas que jorram em desespero silencioso
Ah que dor horrenda nesta contenda
Que já perdi, pois nem lutar quero mais
E tudo por quê?
Porque ignorei que vocês existiam e acreditei
Que poderia ser bom, verdadeiro, por inteiro
Esse é o preço. Padeço. Sem lutar.
Pois fui ferido pelas costas enquanto sonhava
Amava e acreditava sem contestar.
Oh ego Laevus!