Olho-te, na profundidade do mar dos teus olhos, sinto-te a alma palpitar. Invado-te, consentes a minha entrada, abrindo-me o corpo, desvendando-me o espírito. Minhas mãos adentram-se na densidade suave dos teus cabelos de oiro, e minha boca prova o carmim dos teus lábios húmidos. Deixo os olhos abertos, e vejo-te na perspectiva de um beijo longo, num instante de intensa proximidade em que os corpos se tocam e as almas se amam.
Na memória guardo a tua imagem, o mar que se mescla com teus cabelos ondulados, o olhar que me chama, antes mesmo de me ter visto, o Sol põe-se detrás de ti, adormecendo o dia. Não sabes, mas a Noite espera-te para lá do último raio de luz.
No céu escrevi o teu nome, com as estrelas que agora brilham no teu peito. No vento, que te penteia chamei por ti, numa saudade antecipada, num grito premente. Não te vejo, não te toco, mas sei onde estás, conheço-te como sempre, sinto-te, cada vez mais, minha, como sempre foste, desde o primeiro instante em que brilhaste no meu firmamento.