Em gladios de explendor
ergue-se um Escorpião!
Trajes de "glamour"
entre ódios-de-solidão,
que em sangue bem real
envolve Vestes de Cardeal.
Algo estranho ocorre naquela noite!
Entre tantos outros seus iguais,
D. Miguel é convocado, por muitos,
tantos outros Cardeais, Escorpiões,
tantos outros Escorpiões,
"Homens-Santos" tão banais ...
"... eminências-pardas", venenosas,
tão letais ...
Alevanta-se d'olhar ténue,
fixa o horizonte de S. Pedro,
trono do covil tão ansiado,
avança venenoso, altivo como um cedro,
apaixonado frio e afiado,
recusa a Purpura de Cardeal.
Impassivel, secreto e obscuro,
de novo ruma a Portugal,
onde age firme, dessimulado,
previdente de sangue-puro,
d'horarias brasonado!
Ricardo Louro
no Estoril
Ao Cardeal D. Miguel da Silva,
o Cardeal Viseu como lhe chamaram.
Viveu na Corte del Rei D. João III,
filho dos Condes de Portalegre.
D. Miguel da Silva,
o Cardeal que podia ter sido Papa
mas que as invejas do mundo destronaram ...
Ricardo Maria Louro