VALENTE CAMPONESA
Quanto esforço fazias, no tear!
Transformavas os galos em capões;
Serás eternizada, camponesa!
Com mezinhas, suínos vais curar;
Resta-nos de ti tais recordações.
Mas ninguém foge às leis da natureza!...
Viveste sempre no Faial da Terra;
Foste uma esposa e mãe bem dedicada,
Porém ninguém conhece a tua história.
Quanta nobreza um coração encerra
Quem riquezas não tem, não vale nada!
Sendo pobre, mulher, morres, sem glória!...
Com lágrimas, venceste a adversidade
Nunca viraste a cara à dura luta
Que, sem tréguas, tiveste, em toda a linha!
Foram imensas as dificuldades,
Em que a voz da miséria, fera bruta:
Nem em todas as festas há galinha…
Tens cinco filhos; um deles morreu,
Quando contava já catorze anos
Ficara surdo, tende meningite.
Após tal morte, um, cego, nasceu.
Chora esta mãe amargos desenganos
Mais um sem ver! Que a dor ninguém evite!
Oh, nunca os dois mais novos hão-de ver
Toda a beleza e horrores que há no mundo!
Serão sempre uns inválidos, na vida!
Tortura-se a mulher: - Que hei-de fazer?!...
Mas esmaga o tormento mais profundo:
- Resistirei, para lhes dar guarida!
Aos poucos vira a dor conformação!
Aquela mãe terá de resistir,
Para valer aos filhos, que são gente!
Sangra-lhe em demasia o coração!
Mas cerra os dentes: vemo-la sorrir,
A sufocar o pranto, amargamente!...
Mas que mal fez a Deus a criatura,
Para ter um castigo tão cruel?!...
Eis o que o povo desta aldeia pensa!
Já resignada, pouco se tortura;
Desempenhará bem o seu papel,
Sendo mais forte do que a dor imensa!
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visitante |
Publicado: 06/12/2007 07:16 Atualizado: 06/12/2007 07:16 |
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Re: VALENTE CAMPONESA
ADOREI LER SEU POETAR ESTA CAMPOSENA ESTÁ SIMPLEMNETE BELA, OBRIGADO AMIGO QUARTA.
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