.
.
.
.
.
.
.
.
...........................................
********************************************
(I)
,do deserto [… que seja do deserto]
são construídas colmeias em árvores desnudadas,
abandonadas,
enunciam-se alguns gritos solitários,
por momentos nefastos carregados de tédio,
e revivem as dunas em areais distantes,
invadidas pelo mar,
como o tafetá cobre o corpo da bailarina, o ventre.
(II)
,revivo-me a cada rota desconhecida,
construo nuvens sós, breves,
pelas clareiras do céu,
no peito murmúrios, no peito miçangas de flores
um dia colhidas, um dia arrancadas pela raiz.
,um dia ermos distantes, desabitados,
que penetram sem perdões por este mar revolto.
,e vejo aléns,
,e vejo redemoinhos estranhos,
,e vejo esconderijos descobertos.
(III)
,vejo-te?
ruirá o inverno que se aproxima
ao pavor dos ventos, ao pavor dos aluviões,
guarda-me o mel,
,guarda o que a minha vista já não alcança.
"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"
("Afrodite? Não" Jorge de Sena)
"Cai a floresta, majestosa e triste,
Sob as foices do tempo; os monumentos
Ruem do inverno aos pavorosos ventos"
(Luís Guimarães Júnior 1847-1898 "Sonetos e rimas")
Textos de Francisco Duarte