Desprendido ao vento,o espantalho adormece
Cortejador das flore rastejantes
amor,amor,amor,chamo por ti
E só vejo um espantalho de dor.
Navega ao vento,cantor das andorinhas,
serpente alada,veneno astral,
Presença da terra ferida brutal.
E grito em teus braços de palha a minha sina maldita e fatal.
Repousa ventre invejoso da sua natureza astral,
Comedido e atrevido como um passarinho primaveril.
Grita em nua carne sua dor de fel
Não grites pobre espantalho tua posição
pregaram-te os teus braços em ferro no chão
Encheram tua cabeça de serradura e algodão
Esta é apenas a sua confissão
sou um abandonado espantalho,todo queimado,
pelo sol desvairado.
E não podes conter teus mil desgostos,
De palha estrada e olhos bolorentos,
mas sangras vinho e sangue nesta desdita
Agora partes espantalho sacrificado
Suplica dos ventos errantes,
roda triste,ensanguentado,abandonado,
e maltratado,crucificado,bobo da reinação.
Eras um duende palha,da ceara de trigo benfazeja
serrana,e rodas triste na tua altivez,
Tuas lágrimas de fel,as minhas estão no papel.
Encantas os pássaros,viajantes namoradeiros,
quantos casais fazendo a corte em teu fato rasgado de salsaparrilha velha.
E latão estragado,
salpicas as andorinhas com teus soluços fatais,
estás pregado no chão,já não danças mais.
Mas a tua alma pode voar.
E gritas espantalho estou só,
não tenho ninguém com quem falar,
Só me resta fechar os olhos para rodar ao vento meu irmão.
Posso não andar,mas afinal de tudo posso sonhar
Aradia Fortunato.