ESPELHO DE MIM
Olho-me ao espelho. Sou eu!
Olhos como duas luas olhando distantes.
Os lábios fracos e roucos de apelos tão vivos,
Os cabelos escuros romanticamente caídos...
Mas olho e olho – transfigura-se de imediato
O real. Não sou eu, é um espírito que vela.
As suas feições pálidas e os seus olhos vazios,
Lembram que a vida é dura e tão eterna...
Não sou eu, sou eu, porque sou uma alma
Velejante, perdida e cansada.
Anseio por chegar aí, esse sítio tão distante...
Mas continuo a minha missão, que é a vida,
Continua a busca incessante e continua o sofrimento,
E continuo sob a sombra do carvalho, esperando.