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ESPELHO DE MIM

 
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ESPELHO DE MIM

Olho-me ao espelho. Sou eu!
Olhos como duas luas olhando distantes.
Os lábios fracos e roucos de apelos tão vivos,
Os cabelos escuros romanticamente caídos...

Mas olho e olho – transfigura-se de imediato
O real. Não sou eu, é um espírito que vela.
As suas feições pálidas e os seus olhos vazios,
Lembram que a vida é dura e tão eterna...

Não sou eu, sou eu, porque sou uma alma
Velejante, perdida e cansada.
Anseio por chegar aí, esse sítio tão distante...

Mas continuo a minha missão, que é a vida,
Continua a busca incessante e continua o sofrimento,
E continuo sob a sombra do carvalho, esperando.

 
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ABraga
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/12/2007 20:54  Atualizado: 03/12/2007 20:54
 Re: ESPELHO DE MIM
Um belo poema que não posso deixar de comentar ainda que brevemente, dentro do meu princípio de que apenas comento textos que me dizem algo. O tema é muito interessante, um auto retrato óptico, físico que, inevitavelmente desbanda para uma reflexão espiritualizante, donde resulta um belíssimo exercício poético.
Um abraço.