Camille e Rodrigo em um mês começaram a se encontrar regularmente e como não poderia deixar de ser, mostraram-se apaixonados.
Ele a levou do quitinete recém alugado, para seu apartamento. Um romance que parecia escrito nas estrelas, era esse o pensamento de ambos, então...
Uma fatalidade veio a destruir a forte ligação que eles tinham, um ano depois:
Certa tarde, quando estavam passeando, um vagabundo esbarrou no casal que vinha distraído. Uma lâmina afiada, cortou o abdomen de Rodrigo. Camille o segurou instintivamente em seus braços, enquanto o homem sujo e degenerado, levava sua bolsa e puxava seus brincos de esmeralda, que apenas dois dias atrás, ganhara de presente do seu companheiro.
Ele caía e Camille não conseguia sustentar seu peso. Gritou por socorro desesperada...
Algumas pessoas chamaram uma ambulância para socorrê-lo e a polícia para encontrar o vagabundo.
Mas o bandido, já se ia bem longe dali, tal qual havia chegado sem ninguém perceber.
As coisas do mal são geralmente assim: encobertas pelo nevoeiro que as deixam escondidas.
Um dia entretanto, que pode até demorar, mas o Bem prevalecerá e esses párias da sociedade terão seu castigo.
A faca estava contaminada com alguma bactéria que o vagabundo por não lavá-la, vivendo na sujeira, deixou ficar. Quatro dias depois do acontecido, a hemorragia que antes era a prioridade dos médicos para salvar a vida de Rodrigo, passou a ser nada, perante a tal bactéria que instalou-se em seu organismo, numa época que apenas a penicilina recém descoberta em fevereiro de 1941, era o único antibiótico existente. Infelizmente, não se aplicava ao caso dele...
Durante esses dias em que Rodrigo agonizava no hospital, Camille sempre ao lado de seu leito, definhava a olhos vistos. As olheiras profundas das noites em claro, davam um tom fúnebre ao seu rosto, já tão pálido...
Uma semana, foi o prazo que os médicos deram para ela, em relação à expectativa de vida para Rodrigo.
Ela se recolheu em oração na esperança de que um milagre acontecesse... Mas as coisas da vida e da morte só ao Criador pertence! Antes desse prazo terminar, ele faleceu.
Camille, tomada de profunda angústia ao ouvir do médico que ele estava morto, tirou os sapatos dos pés e correu desenfreada do hospital, ganhando as ruas.
Corria... A chuva subitamente surgiu, da mesma forma que no dia em que tinham se conhecido, um ano antes.
Ela continuava a correr chorando, como se isso a levasse a um refúgio dentro de si mesma.
Até que um carro, dirigido por um motorista embriagado, também a levou desse mundo.
Foi apenas um momento, para que o veículo a jogasse longe, batendo com a cabeça no meio fio e destroçando seu crânio.
Esse foi o fim de um linda e breve história de amor, em Lisboa.
Mas agora, duas almas de mãos dadas, estão em algum lugar, bem distante do orbe terrestre...
Fátima Abreu