Por longas e frias noites eu te via
Na soturnidade do quarto abafado
Entre dois corpos, mal me mexia
De um lado um frio, do outro um acalorado.
Em soluços abafados eu gemia
Até que tua mórbida visão se transportasse
Da imagem que no teto aparecia
Para que os sonhos, pela manhã, eu relembrasse.
A ausência era maior durante o dia
Quando a labuta, do calor distanciava
Meu chão retirava e em agonia
Em mim cada vez mais eu mergulhava.
Certo dia, fui atrás de uma razão
Para os soluços deixar de abafar
Para trás deixei todo aquele chão
E livres lágrimas pude enfim derramar.