ONDE AS CAMÉLIAS SE DESPEM EM GESTOS
Gela-me o ventre da alma,
o meu corpo encolhe-se na tua boca
à procura de um céu inquisidor
feito de (astro)lábios
onde as camélias se despem em gestos
prematuros num manancial de aromas
poeticamente cálidos
como o vinho que saboreio nos teus dedos
feitos de espuma púrpura
em lençóis carcomidos
pelo tempo ainda vindouro
sedento de nós
de tudo e de nada que nos pertence
como o sol agreste que nasce nos teus cabelos
As mãos, o toque, a carne e o desejo
são a fonte do beijo que procuro
do laço infindável que nos une
e desune pela mesma razão
onde o amor e o ódio se tocam, tão perto…
jamais caberemos num mundo só nosso
porque metade de mim é infinito
e a outra metade está escrita no teu olhar…
…descobre-me.
Carlos Val e Jessica Neves
03.12.12