Poemas : 

Anjo de Liberdade

 
O Anjo negro da noite
vestiu-se de bruma,
e declarou minha inocência.
Calou vozes veladas
que gritavam ainda
no fundo da infância,
olhou com Serenidade
e Libertou-me!

Não me reconheço agora!
Sou além dos gritos,
além do desespero,
além da noite-do-Espirito
coberta de pedras! Tantas pedras ...
Quebrou-se o velho-espelho,
foi-se o seu reflexo,
fiquei sem Passado!

Morreram todos!
Todos morreram ...

Só Eu fiquei num fundo
que não conheço,
numa Vida que não sabia!
Tão só ... entre tábuas ...

Só mas Eu!
Além do nada que me fizeram
querer que era.
Eu mas só!
Sem ninguém que me partilhe ...
Eu-só! Mas sem Esperança,
na Esperança de te Amar,
de um dia me encontrar!

Partiram Todos!
Todos partiram ...

Mas será que este dia
não tem fim?!! ...

Medo e Alegria,
coragem e tristeza
sentam-se à mesa do meu Ser:
comem-me!!!
Alimentam-se da minha Alma,
devoram a minha carne,
bebem do meu sangue ...
... lá fora, as gentes,
sepultas entre campas vazias,
sob tábuas de medo, arrastam-se!

E Eu, recolho ... porque haja
o que houver sempre ficarei
no fundo do meu Ser
pois nada nunca será maior
que o meu Ser-sem-fundo!


Ricardo Louro

no Chiado
em Lisboa


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
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