Vilã rua – Lizaldo Vieira
Boquinha da noite
Todos às volta com as feras do cimento
Noite fria
Ruas vazias
De graça
Sobra desgraça
Vadiagem
Fatal providencia
O conto
Faz os tantos sinais de violência
Em frequente evidencia
Gente
Tá na hora
Vamos pra dentro
A vida
Noite adentro
É cruel
Nem tanto ao mar
Tampouco ao céu
Pouca farinha
Meu pirão primeiro
Abaixo de deus
Somos todos pecadores
Mortais
Se a noite cai
O comércio fecha
A bodega fechou
Nem a funerária se arrisca
Tá na hora de mal feitores
Dando as cartas
Fuzil na lata
Na igreja da matriz
Beatas cochilam
O rosário finda
Bate o sino
O susto do sá cristão
Coroinha se manda
Cantores do coro
Guardem o violão
Tem vento frio
Deixando cabelo em pé
Esfriando nádegas
Congelando narinas
Na curva da rua
Na esquina do Zé Tomaz
Um só pé de pessoa não passa
Ninguém aventura-se
Cruzar o beco da zueira
Vilã rua de desgraça
Vamos pra dentro
É o melhor a fazer
A vida é cruel
Tá todo mundo louco
Tomando conta de tudo
Do mar
E do céu
Abaixo de deus
Somos todos pecadores
Da deserta vida
Nua e crua com desprezo
Não são mais loucas verdades
Ir e vir
Tá proibido
Na praça
No banco de namoro
Agora
É só vagal
Espreitando desavisado
Coitado do seu bebe
Da dona chacota
Dormem ao relento
Enquanto o mundo
Ignora atitudes de proteção
Aos anciãos
Protegidos pelo estatuto
Dos velhinhos
Catadores de lata
Aqui pra móis
Sono num vem mais
Não será melhor
Tomar um café de bule
Bem quentinho da hora
Enquanto espera o galo cantar
Pro medo ir embora
E pra estrela d’alva chegar
Tempo em que
O vira lata mimoso
Resolva latir
Em socorro da vizinhança
Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...