Mágoa Cega!
Aos olhos que veem sempre beleza
vai toda minha gentileza,
pois aos meus que de tanta pobreza,
não sabem mais contemplar.
Peço então desculpa
por não saber na incerteza,
se o belo é mesmo beleza,
ou belo só parece está.
Espero que não se zangue comigo,
pois meus olhos antes eram tão vivos
e hoje por terem sido feridos,
carregam um grande martírio,
de não ver mais a beleza
e a ela não mais encontrar...
Saiba que não é culpa minha,
pois meus olhos antes sorriam...
E outros por inveja e ganância
me roubaram o sorriso e a esperança...
O brilho que a vida dá.
Agora só resta às gentilezas
de sempre emprestar outros olhos
para reconhecer a nobreza,
que antes em toda beleza,
trazia na delicadeza
o dom de me fazer amar.