Contos -> Infantis : 

O meu cão também sente (saudade)

 
 

(e em respeitosa homenagem ao grande Carlos Paredes)

Era uma vez um cãozinho que vivia solto, num jardim com uma grande casa, num tempo sem elevadores e horas certas de ir alçar a patinha a um qualquer mirrado arbusto da rua, ou a uma cerrada esquina da lua.

Era feliz, o cãozinho. E pequenino - aliás, a dona até o chamava carinhosamente "meu canininho", entre um riso, uma lágrima, e um toque de telemóvel a entoar a música do Carlos Paredes, "Verdes Anos".
-
E tanto que tocava aquele telemóvel, nessa época! O cãozinho ouviu-o tantas vezes, que já o sabia de cor e salteado essa música, e saltitava a avisar a dona, quando, por distracção ou atonia, ela não se apressava a atendê-la.

Mas os anos, que eram verdes, de tanto bater a mesma música, foram amarelecendo, amadurando. Veio a época da colheita, e o toque "Verdes anos" foi atirado contra uma parede e o pobre do telemóvel calou-se para sempre...

Mas os anos, que maturam e nem tanto aturam, lá trouxeram outro telemóvel às mãos da sua dona, agora com um toque diferente, que o cãozinho nunca chegou a saber de ouvido, já que, nesta nova era de semeio, as chamadas recebidas eram escassas.

Um belo dia, muito tempo depois, por puro acaso, alguém carregou num botão qualquer e a música "Verdes anos", encheu a casa - e os ouvidos do cão. Não se sabe que botão interior doeu lá dentro da memória do serzinho peludo - talvez o da saudade! o certo é que, dir-se-ia angustiado, correu para perto da dona, colocou-lhe as patitas nos joelhos e começou a... chorar, acreditem ou não! Como uma criança que perdeu um tempo, um brinquedo, uma afeição! Sem lágrimas, mas com o som do desespero na garganta e a tristeza nos olhitos!

...

e é assim, sempre que eu liberto esses belos trinados de guitarra, tão magistralmente tocados por Carlos Paredes, tão intimamente guardados na memória do meu mais fiel amigo - o meu pequeno e doce Júnior.


T.T

 
Autor
VIDEIRA
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1564
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
7 pontos
7
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
fotograma
Publicado: 26/11/2012 17:52  Atualizado: 26/11/2012 17:52
Colaborador
Usuário desde: 16/10/2012
Localidade:
Mensagens: 1473
 Re: O meu cão também sente (saudade)
honestamente, achei este poema uma merda

não sei se é o excesso de "inho" ao ouvido ou todo o áçucar ou a classificação como poema. talvez antes uma crônica?

sei que você é melhor que isso

abs


Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 26/11/2012 18:00  Atualizado: 26/11/2012 18:00
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8110
 Re: O meu cão também sente (saudade)
Realmente isto não é poema, mas também está visto que é engano.
Eu, que conheço o Júnior, achei a estória uma ternurinha, mas também quem precisa de mais quando é só isso a mensagem? Cão é um ser simples e puro, não precisa de mais floreados.
Queres chorar muito com um poema de cão fotograma? Vai ler o FIEL de Guerra Junqueiro. rss
Bj Teresa


Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 26/11/2012 18:11  Atualizado: 26/11/2012 18:11
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8110
 Re: O meu cão também sente (saudade)
rss, sei bem que tens um feitio inocente e de boa vontade, mas olha que ainda fazem rolar a tua cabeça, por fazeres uma homenagem ao Carlos Paredes, numa estória de cão; aqui acontece de tudo, ai, ai.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/04/2013 00:58  Atualizado: 21/04/2013 00:58
 Re: O meu cão também sente (saudade)
Só alguém que não tenha sensibilidade e que só veja
a vida pelo lado crítico destrutivo. Poderia fazer
um comentário como um dos que li aqui,independente de
estar analisando um texto sob o aspecto literário somente.

Senhora, seu conto é lindo. Não importa quantos
"inhos" ele tenha, quando se escreve para crianças
(que tem "coraçãozinho"), os dminutivos nos ajudam
a tocá-los mais facilmente.
Meu respeito e admiração.
Jogon Santos.