Não importa onde nascem
Não importa a sua cor.
O importante é que passem
Na vida com muito amor.
Alguns são passarinhos
Que dormem à luz da Lua.
Depenados de carinhos,
Não são que putos da rua.
È triste ver esses putos
Que não têm eira nem beira.
A vida só lhe dá chutos
Têm o Sol como braseira.
Crianças de vida triste
Merecem ser mais amadas.
Mas para eles não existe
Que as pedras da calçada.
Putos sem ontem nem hoje
E de um amanhã incerto,
È a sorte que deles foge
E os lobos ficam mais perto.
Pássaros que vão crescendo
Sempre com as asas quebradas,
Num mundo sem dividendo
Com a miséria de mãos dadas.
Velho Mundo,
Voltas-te à Idade-Média.
E esta sociédade sem
rédeas
Deixou de ser a grande dama.
Velho mundo,
A tua mocidade anda perdida
A sua estrada na vida
È toda feita de lama!
A. da fonseca