Poemas : 

EVERNESS

 
Só uma coisa não há: e esta é o olvido.

Deus, que salva o metal, e salva a escória,

cifra em Sua profética memória

as luas que serão e as que têm sido.

Já tudo fica. A seqüência infinita

de imagens que entre a aurora e o fim do dia

teu rosto nos espelhos deposita

e as que depois ainda deixaria.

E tudo é só uma parte do diverso

cristal desta memória: o universo.

Não têm fim os seus árduos corredores,

e se fecham as portas ao passares;

e só quando na noite penetrares,

do Arquétipo verás os esplendores.


Jorge Luis Borges
( 24/08/1899 — 14/06/1986)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
Autor
Jorge Luis Borges
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/11/2012 01:32  Atualizado: 26/11/2012 01:33
 Re: EVERNESS
A arte de enfiar todo um universo num poema: cristal dessa memória.
Há que ler à exaustão, a ver se colho um pingo de toda essa poesia.

Sandra.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/11/2012 10:52  Atualizado: 26/11/2012 10:54
 Re: EVERNESS
Parabéns poeta pelo maravilhoso poema