Eu estava no colégio em 1974, quando alguém apareceu com o disco “Para não dizer que não falei de flores”, por baixo da camisa, mostrando para nós o disco proibido e que daria camburão e porão na hora, por trazer uma mensagem de insurgência e bastante subversiva.
Eu tinha dezesseis anos e os meus interesses eram do autoconhecimento, que era outra vertente de via cultural daqueles anos, mais especificamente da contra cultura.
A ditadura não interferia na minha vida adolescente, nem no da minha turma, mas havia um ponto de ligação próximo, mas escolhemos o lado ensolarado da vida e nos saímos bem, pois hoje estamos vendo o exemplo do que na realidade queriam aqueles “idealistas armados”.
Mochila nas costas, viajando sem dinheiro pelas estradas e sem preocupação com o dia de amanhã que sempre se resolvia. Éramos como uma irmandade, pois sempre tinha alguém da tribo em qualquer lugar em que íamos para nos dar cobertura.
Sempre dávamos um jeito, tínhamos confiança.
Tínhamos muita liberdade e por isso a política passava distante dos nossos interesses, pois estávamos participando de um movimento invisível e pacífico, que iria influenciar muito mais o futuro que qualquer movimento armado do mundo conseguiu, tanto é que estávamos lá quando caiu o muro de Berlim, se não pessoalmente, pelo menos em pensamento.
Todo movimento natural, não radical, traz mais resultados no final das contas, e duradouros, e ai temos os exemplos de Gandhi, Martim Luther King e Mandela.
Mas toda ditadura deixa marcas indeléveis em muitos, principalmente na classe artistica, que pela exposição natural causa ojeriza e medo a arbitrários, e também pela viseira torta de censores totalmente ignorantes, que viam tudo sob suspeita.
Sempre sobra para eles, assim como ocorreu sempre em qualquer ditadura, tanto de direita como de esquerda, alias nestas eles eram dizimados e não deportados.
O mal maior de qualquer regime imposto é a proliferação dos micro ditadores que, sentindo-se acobertados, vão se imiscuindo no dia a dia da sociedade.
Como diz o dito: "Quer conhecer alguém, dê algum poder a ela."
“Vem vamos embora que esperar não é saber”
Ir embora não era o melhor caminho, pois viver em desterro longe da nossa pátria e do meio em que fomos criados é um dos piores castigos que um ser humano pode ter, tanto é que o mesmo autor, já fora do Brasil, escreveu outra música, muito mais bonita, pois agora de saudade da pátria, que dizia:
“Joema dos olhos claros, bem verdes da cor do mar – me dava tanta alegria que eu não preciso sonhar – basta me lembrar agora das coisas que deixei lá – Joema sempre esperando – na praia do grande mar"
E “Esperar não é saber - Quem sabe faz a hora não espera acontecer”
Também não é a melhor opção, se não a pior, pois a paciência é uma das qualidades que devemos ir adquirindo no caminho de mais saber, mas que o jovem ainda não tem, e por isso os daquela época deveriam ter aguardado, plantando flores realmente, ao invés de falar delas como um últimato.
A maioria dos artistas queria era poder trabalhar, assim como ocorreu com Milton Nascimento que ficou proibido de sair lá da sua Três corações e que por não ter o que fazer começou a beber, como disse enternecedoramente em reportagem recente.
Uma alma que incabível desejar mal ou ódio a alguém
De qualquer forma, embora a música de Geraldo Vandré ter sido tão cultuada, ela não trazia nenhum conselho bom, além de serem totalmente equivocados.
Agora, nos dias de hoje, tomemos cuidado com quem começa a falar mal da imprensa, e que diz que lutou no passado a favor dela.
“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós, pois as aves que lá gorjeiam, não gorjeiam como as de cá.”
"Livre só é o ser humano que vive nas leis de Deus! Assim, e não diferentemente, ele se encontra sem pressões nem restrições nesta Criação. Tudo o auxiliará então, em vez de lhe obstruir o caminho. Tudo o “servirá”, porque ele de tudo se utilizará de modo certo". Abdruschin em Na Luz da Verdade – www.graal.org.br
"A felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo" Roselis von Sass - www.graal.org.br