Já não rego plantas de enfeitar em vasos instalados no meu alpendre virado para o sul. Cultivo planuras desgastadas pelas intempéries banhadas por um suor descarregado em exercícios iterativos de plena inércia. No fundo da lua amarela de fins de estações percebe se um não sei quê de sementeira por mondar e o escaravelho corrói as folhas no viço da verdura fresca. Sento me nas ervas altas e aprofundo a maturação deleitosa da cumplicidade das coisas por definir. O porvir desaparece em cada movimentação incandescente dos lavores fornecidos desde o nascente róseo ao poente rubro. As tardes envelhecem nos meus olhos cansados embalados pelo som de umas estrelas que teimam em serem pontuais na formação do coro gradativo de uma chamada por ordem alfabética. Nos meus ouvidos a suavidade adormece cantos dolentes entranhados na pele da penumbra errante das horas que fenecem. Fecho me na cúpula do ser que me germina no outro lado do reflexo que bate nas palavras calcorreadas pelos limites das margens. São as raízes que me despontam.