Poemas : 

ao antónio adriano de medeiros, no dia da sua morte.

 
ao antónio adriano de medeiros,
no dia da sua morte.

antónio, o cão que se foda
(que me desculpe a menina),
mas há dias em que a roda
não roda p'la nossa sina.

e a deus digo a mesma cousa,
quarenta e nove, que porra,
não é idade p'rá lousa
registrar para quem morra.

mas, antónio, deixa lá,
nada há agora a fazer,
antes penso que por cá
ficou o que houve a 'screver.

e tu escreveste a rir
p'ra assim te vermos partir.

Xavier Zarco

 
Autor
Xavier_Zarco
 
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1994
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/11/2012 20:24  Atualizado: 20/11/2012 20:24
 Re: ao antónio adriano de medeiros, no dia da sua morte.
O tal agora se encontra em luz, além da dor e do sofrimento humano.
Observo que acredito na vida além da vida.
Abraço luminoso.

Enviado por Tópico
Sterea
Publicado: 21/11/2012 16:29  Atualizado: 21/11/2012 16:29
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Usuário desde: 20/05/2008
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Mensagens: 2999
 Re: ao antónio adriano de medeiros, no dia da sua morte.
Fui ler "A dupla face de Deus". que viagem!

obrigada, Zarco.

"por cá, ficou o que houve a escrever..."

Enviado por Tópico
Xavier_Zarco
Publicado: 21/11/2012 17:18  Atualizado: 21/11/2012 17:18
Membro de honra
Usuário desde: 17/07/2008
Localidade:
Mensagens: 2207
 Re: ao antónio adriano de medeiros, no dia da sua morte.
Grato pelas leituras e comentários.
Para quem não conhece o que António Adriano de Medeiros foi produzindo, refiro de que se trata de um poeta que, entre outras coisas, soube agarrar com ambas as mãos o que há de mais tradicional no ofício poético do nordeste brasileiro: o cordel; dando-lhe uma roupagem moderna, mas sem nunca o destituir da sua essência.
Tive o grato prazer de o ler através da Lista Escritas.
Eram trabalhos que nos faziam sorrir, isto no mínimo.
Quando um autor assim morre ficamos mesmo muito mais vazios.
Um abraço
Xavier Zarco


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/11/2012 18:37  Atualizado: 21/11/2012 18:37
 Re: ao antónio adriano de medeiros, no dia da sua morte.
Lia os seus poemas sobretudo no Escritas.
Sendo a morte inexorável, e ele era ainda muito novo para ser ceifado, fica a sua poesia.

DM