Contos : 

MARIBEL NÃO TINHA OLHOS COR DO CÉU III

 
MARIBEL NÃO TINHA OLHOS COR DO CÉU III
 
MARIBEL - CAPT 3

Maribel havia tido uma verdadeira história de amor com Jairo. Digna de um romance escrito.
Fora isso que a levara ao livro que agora estava nas mãos do editor. Ele guardou os originais de Maribel na pasta e foi direto ao assunto:
_ Moça, vamos aos negócios: Vou financiar seu livro, tomar todas as providências necessárias para que chegue as livrarias e bancas. Falaremos do pagamento de direitos autorais e participação nas vendas, etc...
_ Trate tudo com nosso amigo aqui, e eu assinarei os papéis necessários, depois que ele me der o 'ok'.
Feito isso, ela arrumou a roupa que estava amassada de tanto ter dormido encolhida na poltrona, penteou os cabelos frente ao espelho antigo, pegou sua bolsa, e saiu acenando para os 2 homens que ficaram ali. Depois se virou e disse olhando para o editor:
_ Senhor Horácio, faça um favor, sim? Não em chame mais de 'MOÇA', já passei dessa fase há muito tempo.

Ao fechar a porta atrás de si, pensou:
" Agora é tudo ou nada..."
O editor e seu amigo, que estavam na biblioteca comentavam:
_ Bela mulher ainda, apesar de já passar dos 35 anos. Quantos anos ela tem na verdade, Miguel?
_ Se eu te disser não vai acreditar... Ela tem 10 anos a mais!
_ Sério mesmo?
_ Sim, eu a conheço desde que ela e Jairo começaram seu romance. E lá se vão muitos anos atrás!
Jairo me apresentou dias depois de se conhecerem. Eram dois jovens apaixonados... Pena que o destino acabou com isso...
_ Não acabei de ler o livro ainda... Me diga, como ele morreu?
_ Era jornalista e cobria uma reportagem no Oriente Médio, uma bomba o deixou em frangalhos.
_ É, deve ter sido uma grande perda para a moça...
_ Sim, nunca mais foi a mesma, desde então. A saúde não é boa, toma remédios sempre...
Ficaram ali ainda um pouco, acertando os detalhes do lançamento do livro de Maribel, e depois cada um seguiu seus afazeres de rotina.

Do outro lado da rua, Maribel entrara em uma cafeteria e saboreava o café fumegante, acompanhado de uns sequilhos de nata.
Miguel chegou, sentou ao seu lado. Disse:
_ Está tudo certo, minha querida. Poderá assinar a papelada ainda essa semana.
_ Ele está satisfeito então...
_ Sim.
_ Ele desconfia de algo sobre Jairo?
_ Não faz a mínima ideia de quem tenha sido Jairo, apenas o que sabe, é o que está no conteúdo do seu livro...
_ Melhor assim, por enquanto. Tudo tem seu tempo certo... A verdade um dia virá à tona, e quero estar lá para dizer.

Miguel pediu um café também, sem dizer mais nada. Bebeu, se despediu e saiu. Maribel continuou ali, perdida em seus pensamentos e lembrando do diálogo entre ela e Jairo, no aeroporto, quando ele foi para o Oriente Médio:
_ Estou preocupada com você. Aquilo lá é perigoso demais!
_ Não fique, meu amor. Mas se eu não voltar, faz uma coisinha para mim?
_ Não diga isso, por favor...
_ Quero que fale com Horácio Magalhães. Ele precisa saber da verdade.
_ Está bem. Mas sei que vai voltar, e você mesmo dirá tudo para esse homem.
Eles se beijaram...
Aquele foi o último toque dos lábios de Jairo, nos de Maribel.

( continua )

Fátima Abreu
 
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