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LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA

 
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Esta abordagem objetiva, a explicitação da necessidade de publicações textuais, cujos personagens infantis e infantojuvenis sejam – também – representados por sua próprias etnias, visto a escassez dos personagens afros.

Por que um dos mais conhecidos e populares personagens infantis negros - "O Saci Pererê," denota o mal e retrata – a deficiência física – como que, algo cômico?
Por que a Branca de Neve além de branca ainda é “Neve?”
Por que as princesas e fadas são sempre brancas?


Faz-se necessário haver mudanças na Literatura Infantil Brasileira concernente, aos personagens tradicionais da Literaratura Infantil e Infantojuvenil. As crianças afro-brasileiras necessitam, também, de personagens afros, tanto quanto, as crianças índias necessitam de personagens indígenas.

Uma criança chegou para os seus pais e disse: “ – Não posso ser a princesa na peça teatral da minha escola... As princesas são brancas...”

Fez-se necessária uma exaustiva busca, nas prateleiras das nossas livrarias, por livros que tivessem personagens afro-brasileiros, na nossa literatura infantil, para que àquela criança tomasse consciência da beleza e importância da sua negritude, sem que sofresse sequelas.

Tenho me interessado bastante em conhecer, me aprofundar, em tudo quanto diz respeito às nossas raízes. O meu interesse em participar de seminários, oficinas, palestras e cursos, com abordagens na cultura afro-brasileira, afro-indígena, África lusófona, tem crescido e acrescido o meu entendimento, concernente as nossas raízes. Temos alcançado um relativo progresso concernente à educação antipreconceituosa do nosso povo, durante quase que trinta anos, no tocante aos afros. Porém, não podemos negar que as marcas dos seus sofridos passados, persiste no âmago de muitos. Marcas repassadas em forma de histórias contadas pelos griôts, aos seus descendentes, as quais, hoje, temos conhecimento – o que ressalta a importante tarefa desses sábios anciãos.

Nesses anos a Literatura Infantil e Infantojuvenil brasileira, tem prosperado, isso é fato. Porém, falta divulgação – o que objetivou essa narrativa, sobre a dificuldade de se encontrar o citado material literário.

Entre tantos autores maravilhosos temos a Ana Maria Machado com “Menina bonita do laço de fita” – bela literatura infantil, porém, trago a tona, as marcas do passado, anteriormente citadas, dessa feita, através do depoimento de uma educadora que, quando lia em sala de aula, “Menina bonita do laço de fita” percebeu o mal causado pelo preconceito e as marcas oriundas, desse preconceito, em uma aluna.

Ao estimular a sua turma à leitura: “ – Gente, eu trouxe um livro que gosto muito, e, quero ler para vocês: “Menina bonita do laço de fita” - Ana Maria Machado!

Comecei a fazer a leitura, a cada página que eu lia tinha uma aluna que se contorcia, demonstrando seu desagrado diante da escolha da leitura. Em um determinado momento, já quase do meio para o fim da leitura, a aluna falou, lá de sua cadeira: – “Oh professora, eu não gosto desse livro não!”

Logo ela que, amava todas as leituras feitas em sala de aula que, estava descobrindo a leitura naquele ano, ela, representante dos afro-descendentes, vir com aquela fala... Mas eu não me intimidei e não fiz o que me pedia, continuei a ler até o fim, mesmo vendo-a fazer caras e bocas. Quando terminei de ler, ela adorou, não a história, mas o fato de não precisar mais ouvir aquela história “ segundo ela – chata!”

Depois desse relato, faço algumas observações, ou, melhor, faço minhas leituras a respeito do comportamento da criança diante da leitura citada: acredito que grande parte do desconforto da aluna ( 4º ano , 9 anos de idade) vem de sua cor, pois o livro faz menção a uma criança negra, pretinha, e ela é a única criança negra na nossa sala, ou, era até o ano passado. Hoje contamos com um menino também; toda vez que lia os porquês do livro explicando o "porque" como ficar pretinho todos, a olhavam e aqueles olhares lhe causaram mal estar; não sentia estar representando os negros, ou sendo exaltada; sentia ser a diferente da sala - a negra, inferiorizando-se, já que não se assume enquanto afro-descendente.

Outra leitura que pode ser feita também é que ela não se identifica como a menina bonita pretinha, ela se nomeia morena clara - quando questionada sobre sua cor -, logo não se identifica como afro-descendente; não se vê representada naquela narrativa, naquelas imagens...”

Diante de todas as conquistas, das quais, temos conhecimento nesses anos, podemos com certeza aplaudir a iniciativa governamental, quando no início do ano de 2003, o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecendo a importância das lutas antirracistas dos movimentos sociais negros, reconhecendo as injustiças e discriminações raciais contra os negros no Brasil e dando prosseguimento à construção de um ensino democrático que incorporasse a história e a dignidade de
todos os povos que participaram da construção do Brasil, alterou a Lei nº 9.394/96 - que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional -, sancionando a Lei nº10.369/03. A Lei nº 9.394/96 passou a vigorar acrescida de artigos que incluem as
seguintes diretrizes:

• Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira.

• §1º. O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o
estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à
História do Brasil.

• §2º. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

• Art.79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como "Dia Nacional da Consciência Negra".

A referida Lei propõe reflexões relevantes para a implantação de ações educacionais que busquem a superação do racismo e a valorização da população afrodescendente. Acredita-se que, uma vez alcançados os objetivos previstos nesta legislação, seus efeitos poderão repercutir em toda a sociedade, podendo transformá-la em uma sociedade mais igualitária.


¹Artigo: Literatura Infantil Brasileira, Escritora UBE Mat.3963,Fonte de pesquisa: Web


Quando descobri o que sou para Deus a opinião da oposição, a meu respeito perdeu o efeito; quando me conscientizei do que Deus é para mim dispensei intermediários.

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Autor
Esther
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