Esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que para procurar o prazer.
Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é.
E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é que faz de nós seres tão refinados.
Porque é que não nos embriagamos?
Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez.
Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo?
Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita.
Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer.
"O importante é isso: estar pronto para, a qualquer momento, sacrificar o que somos pelo que poderíamos vir a ser".
Charles du Bois (1882-1939), sobre Sigmund Freud , in 'Correspondência" (1883).
Arte por Rafal Olbinski, pintor surrealista polonês.