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Gê Muniz
A VOZ QUE FALTA
A voz que hoje me falta
Não duvidem, meus amigos
Voltará n'uma noite alta
Transpirada dos jazigos
D'onde só mesmo poeira salta
Incensada dos vasos antigos
Que sobejam velhice incauta
Feito os paletós dos mendigos
Alguém me acuda, alguém
Dessa voz que será ninguém
Ordenem os gemidos ao nada!
De chofre, a voz gritará: quem ouve?
Deus, minha vida, que houve?
Inútil deserto. Já será madrugada...
(Gê Muniz)