A chuva cai, silenciosa, persistente
neste dia cinzento, de luz esbatida
fonte de escura melancolia
de um Outono cansado
de folhas caídas,
secas e esmorecidas
pelo frio que se avizinha,
em antecipada invernia!
Chuva que vai transbordando rios,
alagando campos, destruindo plantações
derrubando habitações,
aniquilando ilusões,
tornando o futuro em imagem de incerteza!
E a chuva que cai, sem parar
durante horas de pavor,
em leitos de infortúnio,
arrasta vidas , animais, árvores
e desce em diluvio descontrolado,
por serras e montanhas desprotegidas ,
pela incúria humana,
que tudo destrói
em terríveis atentados contra o natural!
E a chuva cai, impetuosa...
Destruidora, implacável,
neste Outono de angústia,
que se faz presente,
em agonia pelo futuro imprevisível,
quiçá, terrível e assustador!
José Carlos Moutinho