Poeta dos silêncios,
calmo, turvo e perturbado,
dilacerado e solitário,
escravo-da-memória,
escravo-do-esquecimento ...
De nossos corpos colados,
ungidos, suados,
golpeados p'lo desejo,
presos ao Coração,
nada fica! Só a solidão!
Em ti começam,
terminam todos os Amores.
Findam calados, sem asas,
dolorosos, sem pudores...
Mãos que escorrem corpos,
suaves dedos,
tal qual as penas duma ave,
que em seguida viram corvos,
sem pena nem piedade ...
Meu corpo ficou nu
na gelada solidão
em que o Poeta o deixou!
Espanto, mágoa, saudade ...
Meu triste Coração!
E terminado este tormento
de Amor insaciado,
fica outro inda mais alto,
o do Amor saciado!
Fim que não acaba,
partida sem chegada ...
Mas afinal e para sempre,
sempre tudo existe,
nada nunca acaba...
Tudo começa e não termina,
e no fundo até torna,
em teus (a)braços de Poeta!
Ricardo Louro
no Chiado
Ricardo Maria Louro