estou me lixando
para os espinhos às minhas costas
para sorrisos caninos nos calcanhares
para a sanha da pomba e do musgo
para a sombra que me desbota
estou me lixando
para as vociferações do vento
para a lamúria e lamento
da lama da chuva e dos elementos
estou me lixando
para as andanças e desventuras
as matanças e ternuras
do homem de barro e outras feras
por essa esfera de terra
estou me lixando
para o lixo acumulado
em córregos após a cheia
e impropérios tatuados
em pedestais de areia
estou me lixando
me descascando
limando e rimando
por puro prazer
de tudo e de todos
me despir