Um sótão de eternas velharias
guarda uma paisagem virada do avesso
as cores exíguas de uma sina exilada
sem porta nem janelas
por onde a claridade possa respirar
A aranha cerca os cantos da casa
corroendo a geometria das paredes
lado a lado com a poeira empilhada
onde numa lenta insónia colige
suas teias de fio de baba e alabastro
Sombras de uma luz esvaída
na intimidade oxidada da ruína
flores secas mirram à ponta da mesa
sobre a toalha enrugada
numa jarra branca de porcelana