Zumbido
Bzzzzzzzzzz, oiço ao longe, meio acordada, esbracejo,
Volto-me na cama, atiro o lençol pelo o ar e ensonada.
Olhos semi-abertos, que de novo serram devagarinho.
Ai! Ai! de repente, sinto uma real e valente picada!
Abro a luz, fula, contrafeita. Tenho sono quero dormir
Estendo o braço, ponho os óculos, e então que vejo eu?
Mesmo ao pé do meu nariz, estava poisado um mosquito
Mordaz, peneirento, arrogante, mais falso que um judeu.
Agora, está lá um desenho, estranho, ensanguentado,
Feito pela minha própria mão! Pois lamento o momento!
Que sem pensar em mais nada, lhe ferrei uma tal palmada
Que o coitado, nem tempo teve de fazer o testamento!
Era funesto mas giro o boneco, que ali ficou estampado.
O falecido mosquito em pose, com as asinhas em abano.
Tirei então uma foto bestial, acreditem, sem maldade
e sem ofensa ao defunto vou pintar um quadro Picasseano.
VÓLENA