Ouvem-se acordes trágicos no centro da cidade,
Vermelhos, tais olhos raiados de sangue chorado
Por crianças e mães negras, campeãs de infelicidade.
Chove do céu um prenúncio tardio de um mundo acabado.
Ouvem-se acordes trágicos debaixo de uma parede
Que se abateu sobre os alicerces de algo errado
Desde um princípio fetal tão crónico como a sede...
Tocam-se as dúbias margens do absurdo
Quando se consegue destruir o que é verdade.
Ouvem-se acordes trágicos de um coração silenciado
Por trepidantes bocas, frias e imparcialmente loucas...
Gritam as vis entranhas dos seus corpos manobrados,
Fabricados, oleados sem que fiquem roucas,
Afónicas, caladas, silenciadas...
Ouvem-se acordes trágicos no centro da cidade,
Encarnados, tais rosas manchadas de luto avivado
Por vozes trajadas de retórica e leviandade.
Ouvem-se acordes trágicos de um sacrilégio calado.
Ouvem-se acordes trágicos no centro da cidade.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.