soneto
sedimentos de saudade corroem-me as veias
e por rubro insano rio remo delírios
e nele afogo calamitosas colcheias
e semínimas em dó por sol em martírio
às margens azaléias e rosas e lírios
dobram-se ao vento e amor lhe confidenciam
mas outros gritos soltos em pragas e cios
apossam-se da terra e a colheita adiam
o sol bate mais forte e com arrepios
toda sorte d'águas de mares e de rios
levantam-se vaporosas e retumbantes
e dos ares brota música, em colcheias
e semínimas, volta alada que incendeia
os campos e gorjeia cores no semblante