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Engenho, estro, dessossego e alento

 
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ENGENHO, ESTRO, DESSOSSEGO E ALENTO

Espalha o grão que justifica o vento,
Quem atravessa esse fecundo averno
Do lavradio excelso de quaterno:
Engenho, estro, dessossego e alento.

E sabe a noite o ventre do poema,
O vate, a pena que lhe aflige o impulso,
Sabe o silêncio, do sussurro expulso
Do peito-éden, sem culpa ou dilema.

Águas revoltas não espelham círios
Nem adormecem barcos morredouros,
Mas erguem proas em canto e martírio.

E marés lisas não são bom agouro,
Estagnam céus e apodrecem mágoas,
Submergem brilhos, desiludem ouros…

Feliz do vento, que fecunda as águas!


Teresa Teixeira


 
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Sterea
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/11/2012 20:44  Atualizado: 03/11/2012 20:44
 Re: Engenho, estro, dessossego e alento
Tens um jeito fino de lidar com as palavras, afagando, brunindo-as as primor. Muito belo. Parabéns e boa noite, Teresa.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/11/2012 23:04  Atualizado: 03/11/2012 23:04
 Re: Engenho, estro, dessossego e alento
O (a) poeta em desassossego, o sonho, a noite, a lua e o "engenho" é o poema cantado com alma...todos são elementos essenciais para um bom cantar.
Um poema bem conseguido pela complexidade nos mais diversos tons.

Abraços
mlf