ENGENHO, ESTRO, DESSOSSEGO E ALENTO
Espalha o grão que justifica o vento,
Quem atravessa esse fecundo averno
Do lavradio excelso de quaterno:
Engenho, estro, dessossego e alento.
E sabe a noite o ventre do poema,
O vate, a pena que lhe aflige o impulso,
Sabe o silêncio, do sussurro expulso
Do peito-éden, sem culpa ou dilema.
Águas revoltas não espelham círios
Nem adormecem barcos morredouros,
Mas erguem proas em canto e martírio.
E marés lisas não são bom agouro,
Estagnam céus e apodrecem mágoas,
Submergem brilhos, desiludem ouros…
Feliz do vento, que fecunda as águas!
Teresa Teixeira