Poemas : 

O homem que carrega o tempo às costas

 
...

O dia segue voraz nas horas que calcorreia,
Sem tempo para olhar as horas que se passaram,
Tempo só para viver o tique-taque impiedoso
Que lhe dá forma,
mede-o em pálpebras sonâmbulas,
Num ranger de travões que lhe tenta parar a marcha.
As rugas testemunham-lhe o caminhar indiferente,
Dão-lhe forma e consequência.
Em cada quarto que dobra,
A torre presta-lhe a homenagem
Em jeito de toque a fiéis defuntos,
Dolente mas impaciente.
É uma marcha sem destino,
Um hino sem heróis.
Só a cantilena que rasga o silêncio invernoso
E verte a lembrança de mais um que passou.
O osso vai sulcando a pele macilenta do esforço,
Dobra-se a espinha à enxerga que oprime,
Mais pesada,
Quarto a quarto…
Hora a hora…
Dia a dia…
 
Autor
jaber
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1402
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
16 pontos
8
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/11/2012 19:24  Atualizado: 02/11/2012 19:24
 Re: O homem que carrega o tempo às costas
Semana a semana,
Mês a mês,
Ano a ano...

Gostei.

DM


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 02/11/2012 19:43  Atualizado: 02/11/2012 19:43
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: O homem que carrega o tempo às costas
Mais pesada...
Sem dúvida o peso do tempo cai no relógio...
Para refletir. Como sempre.
Gostei.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 02/11/2012 19:46  Atualizado: 02/11/2012 19:46
 Re: O homem que carrega o tempo às costas
o que seria do homem sem esta carga cotidiana?! não cresceria, não saberia, não viveria, não seria e morreria sem história... também gostei. aliás; gosto deste outro lado da sua escrita.

meu abraço caRIOca.
zésilveiradobrasil


Enviado por Tópico
cleo
Publicado: 02/11/2012 19:58  Atualizado: 02/11/2012 19:58
Usuário desde: 02/03/2007
Localidade: Queluz
Mensagens: 3731
 Re: O homem que carrega o tempo às costas
E o dia segue voraz,
na marcha imparável
do destino
sem volta...
Tenho para mim que a culpa é
do tic tac do relógio, que,
incansável,
montado no dorso do tempo
que não volta atrás.

Sim, o teu poema não é tão optimista como o meu texto, mas é muito mais profundo e belo!
Hoje deu-te a ti para isto, também já me tem acontecido. Deve ser por vermos que o tempo nos anda a fugir
Beijo