todo dia a carcaça me olhava feio e pedia
meu nariz e cheirava mal e fedia
infestando de agonia e azia o ar
e olhos marejavam abundantes ao mar
trazendo cardumes de lágrimas
em pequenas redes brancas cálidas
ao esquálido esqueleto a limar
até que um dia nada restou
carcomida se fez e se acabou
na areia virou pó e só
a onda cobriu e lavou
dentre outras inspirações, uma pomba havia morrido no jardim perto ao trabalho e ninguém a removeu
a cada novo dia, a carcaça mais sumia até só sobrar pena