Eram companheiros de sala e de tempo, o relógio e ela dividiam a vida. Mas se tornara uma tortura seus sons que tanto adorara. A exatidão só foi uma promessa, o tempo não lhe tingiu por dentro e ainda era a mesma menina encantada, não lhe pesavam os imperativos da raça e da religião. Mas, agora, o relógio um instrumento de tortura, a porta fechada, a janela aberta, no oitavo andar. Não sujaria o passeio hoje e ninguém precisaria recolher seus destroços. Um corpo fraco habitava sua alma como um molde da vida que de tão frágil nos muitos lugares e tão farto em poucos, causava um desconforto ao despertar a fome dos homens. Mas a viuvez da alma fazia com que trocasse os lençóis no meio da noite, imperativos dos instintos. Ela bem sabia que não devia, mas abrirá a porta displicentemente logo depois que rever aquela estranha no espelho.
,,,mas Deus gosta de ser assim também, na forma de Eu!